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Exemplo de um ecossistema local: O Montado







Ecopista de Montado

Barragem dos Minuto



De acordo com, informações  recolhidas na Introdução da obra,  O Livro Verde dos Montados[1], o  Montado ocupa atualmente, no Sul de Portugal, mais de um milhão de hectares, estendendo-se por grande parte do Alentejo e uma área significativa da Beira Baixa interior e da Serra Algarvia. Num território de baixa densidade populacional e parcos recursos, o Montado, com todas as atividades produtivas e não produtivas que suporta, tem um peso estratégico que urge valorizar. É de destacar que os Montados são considerados sistemas de produção multifuncionais, isto é, sistemas que no processo de produção da madeira, da cortiça ou dos frutos dão origem a outros bens e serviços, que a sociedade passou a apreciar (biodiversidade, sequestro de carbono, caça, proteção ambiental, e muitos outros).[2]
Com resultado das nossas leituras, concluímos que há várias definições de Montado. Assim, este ecossistema foi, inicialmente, classificado como um sistema agro-silvo-pastoril, e caracterizado como um sistema multifuncional no qual se observa a existência de uma conjugação e equilíbrio entre as atividades agrícola, pecuária e florestal. No entanto, em função da diminuição da importância das culturas sob-coberto o Montado passou  a ser considerado como um sistema silvo-pastoril. As espécies florestais dominantes são o sobreiro (Quercus suber), a azinheira (Quercus rotundifolia) e os carvalhos cerquinho (Quercus faginea) e negral (Quercus pyrenaica). Estas espécies encontram-se em povoamentos puros ou mistos.[3]
O termo “Montado” usa-se para descrever um conjunto heterogéneo de sistemas de produção florestal não lenhosa, assentes na exploração de quercíneas – geralmente o sobreiro ou a azinheira – de modo conjugado com uma exploração extensiva do solo com objetivos de cariz agrícola, pecuário ou cinegético. No seu sentido mais lato abrange desde as formações naturais ou naturalizadas de matagais arborizados (sobreirais ou azinhais) até povoamentos arbóreos dispersos mantidos pela actividade humana e suas práticas culturais (Montados de sobro ou azinho), englobando, também, inúmeros povoamentos de transição.[4]

A intervenção humana: pontos negativos e positivos
Uma das características do Montado relaciona-se com o facto de ser um sistema ecológico desenvolvido pelo Homem, que foi sendo aperfeiçoado ao longo da História, com a finalidade de aproveitar e rentabilizar os parcos recursos de uma região caracterizada por um clima mediterrânico e solos pobres. Para além de estar na origem de produções, como a cortiça e a lenha, a carne de bovinos, ovinos, suínos e caprinos, os cogumelos, as ervas aromáticas e o mel, o Montado, à semelhança de outros ecossistemas, desempenha um papel decisivo em  processos como a regulação do ciclo da água, a fixação de carbono, a prevenção da erosão, elevada biodiversidade.[5]

Segundo Ana Margarida Pinto da Fonseca:  “As primeiras formas de Montado terão surgido quando o Homem começou a intervir no bosque mediterrânico, fazendo uso do fogo e, deste modo, desadensando o coberto arbóreo, limpando os matos e aproveitando a bolota e as pastagens para a alimentação do gado.”[6]

O Montado é um sistema ecológico de uma grande complexidade onde várias componentes se articulam criando um ambiente único. A diversidade genética deriva de mecanismos desenvolvidos no curso da Evolução da Natureza. No caso do sobreiro, tal como nas outras espécies florestais, a variabilidade genética é crucial para a sobrevivência, adaptação e evolução. A atividade humana pode contribuir para a sua conservação, melhoria ou destruição mas para a conservar ou melhorar é essencial perceber como é gerada, onde se localiza, como se manifesta e como se transmite. Na natureza, o sobreiro tal como todos os carvalhos, combina de forma dinâmica a regeneração por semente e por rebentamento de toiças e raízes. Os mecanismos reprodutivos através do pólen e das bolotas são a principal fonte de criação e transmissão da diversidade genética. As bolotas são muito apreciadas por diversos animais como o gaio (Garrulus glandarius), o pombo-torcaz (Columba palumbus) ou o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus).[7]
No entanto, verifica-se que a área de Montado se encontra em recessão, a densidade das árvores tem vindo a decrescer, o número de novas plantações a diminuir, afetando negativamente o equilíbrio destes sistemas. As causas para esta situação são múltiplas e complexas, os investigadores procuram encontrar soluções para estes problemas.[8]
A nossa mensagem vai no sentido de alertar para a necessidade de preservar  o ecossistema de Montado, pois atualmente o direito a um ambiente limpo faz parte dos Direitos Humanos e temos a responsabilidade de o deixar para as gerações vindouras. 

Bibliografia e webgrafia
Fonseca, Ana Margarida Pinto da, História do Montado – do fim da Idade Média ao início da Época Moderna, http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=3&cid=8093&bl=1&viewall=true (Consultado em, 18-05-2019).
Pinto-Correia, Teresa; Ribeiro, Nuno; Potes,  José (Coordenadores), O Livro Verde dos Montados, (Évora,ICAAM - Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas Universidade de Évora, Núcleo da Mitra 2013) 



[1]Teresa Pinto-Correia, Nuno Ribeiro, José Potes (Coordenadores), O Livro Verde dos Montados, (Évora,ICAAM - Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas Universidade de Évora, Núcleo da Mitra 2013), p.9
[2] Teresa Pinto-Correia, Nuno Ribeiro, José Potes (Coordenadores), op.cit.,p.9.
[3] Teresa Pinto-Correia, Nuno Ribeiro, José Potes (Coordenadores), op.cit.,10.
[4] Teresa Pinto-Correia, Nuno Ribeiro, José Potes (Coordenadores), op.cit.,pp. 10-11.

[5] Ver Ana Margarida Pinto da Fonseca, História do Montado – do fim da Idade Média ao início da Época Moderna, http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=3&cid=8093&bl=1&viewall=true (Consultado em, 18-05-2019).

[6] In: História do Montado – do fim da Idade Média ao início da Época Moderna, http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=3&cid=8093&bl=1&viewall=true (Consultado em, 18-05-2019).

[7] Teresa Pinto-Correia, Nuno Ribeiro, José Potes (Coordenadores), op.cit.,25.
[8] Teresa Pinto-Correia, Nuno Ribeiro, José Potes (Coordenadores), op.cit.,10.

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