De acordo com diferentes fontes, a cultura do chá terá sido introduzida nos Açores no século XIX após o desaparecimento da produção de laranja, razão que terá motivado os membros da Sociedade Promotora Micaelense a promover o cultivo do chá.
Inicialmente, havia muitas fábricas de chá em S.Miguel, no entanto, devido à conjuntura económica, nomeadamente a concorrência do chá oriundo de Moçambique, apenas a Gorreana sobreviveu, porque, entre outros factores, o seu proprietário reuniu condições para construir uma pequena central elétrica.
José do Canto seria um dos principais impulsionadores da introdução da cultura do chá nos Açores tendo sido proprietário de uma plantação de chá na ilha do Faial. Tal como a sociedade promotora da agricultura Micaelense, terá contratado dois técnicos chineses no intuito de aperfeiçoarem as técnicas da produção de chá.
O “Chá Canto” era produzido pelasua fábrica . Esta unidade fabril iniciou a sua atividade em 1883 e situava-se na estrada entre Ribeira Grande e a Lagoa do Fogo. De todas as fábricas de chá esta terá sido a mais emblemática.
Os herdeiros de José do Canto abandonaram a produção de chá, na década de setenta do século XX. Mas, em 2011 a herdeira Maria Jardim Hintze ofereceu a marca “Canto” a Hermano Mota da Fábrica de Chá Gorreana na condição deste relançar e manter a marca “Canto” no mercado como homenagem ao seu fundador, José do Canto.
A plantação situa-se longe da poluição industrial sem necessitar de recorrer a quaisquer herbicidas, pesticidas, fungicidas, corantes ou conservantes. A colheita do chá ocorre entre Abril e Setembro, o chá (preto e verde), trata-se de um produto 100% orgânico uma vez que devido ao facto das pragas normais da planta do chá (camélia sinensis) não sobreviverem no clima da ilha, a Gorreana não sente necessidade de utilizar quaisquer quimicos nas suas plantações.
Bertha Meireles-Hintze foi galardoada em São Miguel, em 2012, com a Medalha de Mérito pelo seu empenho em manter a Gorreana, na qualidade de empresa familiar desde o início da sua atividade no século XIX.
A Gorreana enquanto plantação, fábrica e museu, é o lugar perfeito para degustar uma chávena de chá enquanto se observam as máquinas Marshall originais datadas de 1840 e ainda em funcionamento. O chá destas plantações deve as suas características ao clima micaelense, ao ph do solo argiloso, ácido e rico em minerais e aos métodos de cultivo utilizados.
Hodiernamente, as plantações da Gorreana ocupam uma área de 32 hectares, produzindo cerca de 33 toneladas, por ano. Uma parte da produção é destinada ao mercado açoriano sendo a restante exportada para Portugal Continental e outros países, caso da Alemanha, EUA, Canadá, Áustria, França, Itália, Brasil, Angola, Japão.
Webgrafia
http://www.cresacor.pt/media/files/8%C2%AA__Publica%C3%A7%C3%A3o.pdf
http://www.snpcultura.org/ilha_sao_miguel_baluarte_industria_cha_europa.html
https://gorreana.pt/pt/
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